12 abril 2007

ONG holandesa elege DP no Carandiru como o melhor da América Latina

ONG holandesa elege o 9º DP, no Carandiru,o melhor da América Latina

reportagem de Marcelo Ventura, publicada na Revista VEJA São PAUlO em 05.04.2007

"A impressão é a de que se está na recepção de um consultório médico ou de um escritório de advocacia. Ligada em volume baixo, a TV entretém as pessoas que aguardam o atendimento sentadas em confortáveis sofás azuis. Chamam atenção o piso de granito impecavelmente limpo, plantas, móveis novos, a iluminação natural e uma estátua de Dom Quixote logo na entrada. Apenas o distintivo pendurado na camisa do policial responsável pelo primeiro contato com vítimas, testemunhas ou cidadãos em busca de informações dá a pista: trata-se de uma delegacia.
Situado no Carandiru, pertinho da extinta Casa de Detenção, o 9º Distrito Policial foi eleito o melhor da América Latina pela Altus, ONG holandesa que avalia delegacias do mundo todo.

Pesquisadores da Altus visitaram 471 DPs de 23 países entre outubro e novembro do ano passado. Cada avaliador recebeu um formulário-padrão (traduzido para dezessete idiomas) para anotar suas impressões sobre orientação ao público, condições materiais, transparência e prestação de contas. A eficiência na resolução de crimes não foi questionada.
Entre os 93 distritos paulistanos, 24 passaram pelo crivo da ONG, além de quatro unidades especiais e outras duas delegacias em Guarulhos e Barueri. Juntos, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre e Recife tiveram 79 DPs visitados. Numa escala de zero a 100, o 9º DP ficou com nota 89 – bem à frente do último colocado na cidade, que não teve seu nome revelado e marcou apenas 32 pontos.

Como a maior parte dos prédios policiais da capital, o do Carandiru foi erguido nos anos 40. Durante décadas enfrentou deterioração, falta de equipamentos e problemas de carceragem. Até 2002, suas cinco celas amontoavam cerca de 200 presos. "Havia rebeliões, mortes e os investigadores passavam quase todo o tempo cuidando dos detentos", conta o delegado titular, Italo Miranda Junior. Desse tempo, restam apenas três grades enferrujadas, que decoram o jardim do antigo pátio.
A reforma contou com a colaboração financeira de empresários da região. Além das salas dos policiais, há ali biblioteca aberta para alunos de escolas públicas, capela e núcleos de apoio em que atuam oito estagiários de psicologia e direito. São eles que cuidam dos chamados delitos sociais, ou seja, agressões leves, pequenos furtos e brigas. Isso deixa livres os 52 policiais para que se dediquem a casos mais complexos.

Quem chega ao DP do Carandiru passa por uma triagem. Se for vítima ou testemunha, não encara os bandidos. Também não se vêem por lá policiais conduzindo suspeitos algemados. Eles entram por uma porta lateral e vão direto para a sala na qual são lavrados os flagrantes. Vítimas podem fazer reconhecimentos através de um vidro espelhado – igual aos de filmes policiais – sem ser vistas. Há ainda seis computadores e um banco de dados próprio, com fotos e informações de todos os criminosos fichados ali. "Os bandidos atuam sempre na mesma região, e isso facilita nosso trabalho de identificação", diz Miranda.

Na última terça-feira, o delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Mário Jordão Toledo Leme, embarcou para Haia, na Holanda, para receber em nome do 9º DP uma homenagem da Altus. "O mais gratificante foi ouvir do governador José Serra a ordem de replicar a experiência por todo o estado", orgulha-se Leme.
Sem dúvida, para os paulistas, o melhor prêmio seria encontrar cada vez mais delegacias como essa."

11 abril 2007

Condomínio no Guarujá é alvo de arrastão

publicado na FOLHAonLINE em 11/04/2007 - 10h00

Oito homens armados e encapuzados invadiram um condomínio de alto padrão localizado na estrada Guarujá-Bertioga (SP-061), no litoral de São Paulo, e levaram objetos e equipamentos eletroeletrônicos de ao menos 26 casas.
O assalto ocorreu por volta das 22h30 de anteontem, quando os criminosos renderam o porteiro e um vigilante e entraram no condomínio Marina Del Rei com um caminhão-baú. Ninguém ficou ferido na ação.
O condomínio é uma marina que também abriga casas de veraneio. Ao todo, o local possui 92 casas. Dessas, 38 foram invadidas pelos criminosos e ao menos 26 tiveram objetos roubados, segundo a Polícia Civil."Nem todos os proprietários compareceram à delegacia. Não tenho a totalidade de coisas que levaram", afirmou o delegado Luiz Ricardo Lara Dias Júnior, da delegacia sede de Guarujá.
Segundo o delegado, além dos funcionários do condomínio, os ladrões também renderam dois moradores.Como a maioria dos imóveis é de veraneio, poucas pessoas estavam no local no momento do assalto, o que facilitou a ação dos criminosos, que durou cerca de quatro horas.
Segundo o delegado, os assaltantes levaram um automóvel EcoSport, que já foi localizado pela polícia, e várias televisões de plasma. "Em uma análise superficial, podemos contar de 10 a 15 TVs", afirmou.Entre os outros objetos levados pelos criminosos estavam, em sua maioria, produtos eletroeletrônicos, como aparelhos de som e DVD e telefones.
Quando chegaram ao condomínio, os assaltantes quebraram as câmeras de monitoramento na tentativa de impedir que imagens do crime fossem gravadas, mas o delegado afirmou que os equipamentos não estavam funcionando."Mesmo que elas não fossem quebradas, não teriam captado nenhuma imagem porque estavam inoperantes."Segundo a polícia, os criminosos demonstraram ter conhecimento do local e dos objetos que estavam em algumas casas. "Isso nos leva a crer que eles tinham informações privilegiadas das moradias", disse o delegado.
Até a noite de ontem, ninguém havia sido preso. A polícia aguarda os laudos do Instituto de Criminalística para dar prosseguimento às investigações e tentar identificar os criminosos."Algumas das vítimas estavam hoje [ontem] no condomínio e fizeram um memorial descritivo de tudo o que foi subtraído. Outras estão viajando. Estamos aguardando uma definição para não ficarmos com dados parciais."