02 março 2008

Samu quer reduzir trotes em 15% com ação educacional

*matéria publicada pela agência estado
Apesar de identificar e registrar todas as ligações que chegam às centrais de atendimento, os serviços de emergência não conseguem fazer muito além de colecionar gravações de trotes telefônicos. "Retornar cada ligação para alertar as pessoas sobre as implicações da brincadeira é impraticável", afirma o coordenador de Regulação Médica do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Domingos Napoli. Para cortar o mal pela raiz, a saída foi investir em educação.
O Samu começa dia 30 de março, um domingo, dois projetos para sensibilizar a população da importância de usar o serviço do jeito certo. Para a coordenadora do Núcleo de Educação do Samu, a médica Marisa Malvestio, a diminuição no número de trotes depende de mudança de comportamento. "Se conseguirmos reduzir em 10% ou 15%, teremos feito um milagre pelo serviço."
O "Samu nos Parques", voltado para adultos, estréia no Parque do Nabuco, no Jabaquara, zona sul da cidade. Quatro funcionários voluntários - entre médicos, enfermeiros e motoristas - mostrarão a ambulância e darão orientações sobre quando acionar o serviço e como prestar primeiros socorros.
Crianças
Mas é nos pequenos que se concentram as apostas, com o "Samu nas Escolas". "Passou a ser nossa meta atingir as crianças em função do elevado número de trotes passados por elas", diz Marisa. Em janeiro, elas foram responsáveis por 83% dos trotes recebidos pelo Samu. Marisa conta que as palestras serão curtas, com duração de 20 minutos, e interativas, com a participação de três funcionários. "Os voluntários vão à escola uniformizados e de ambulância", conta.
Depois de conversar com os socorristas, elas conhecerão a ambulância. "Vamos transportá-los na maca e ligar os equipamentos", diz Marisa. "Mostraremos toda a realidade que acontece por trás do número 192." O trote será mostrado como uma mentira que pode impedir alguém doente de obter ajuda. "Eles perceberão que a mãe de um coleguinha pode ficar sem socorro por causa de brincadeiras no telefone", explica a médica.
A meta é visitar dez escolas públicas ou particulares por mês, duas em cada região da capital. O projeto deve começar pela zona sul, onde os voluntários já estão em capacitação. "Queremos criar a imagem do Samu como parte da comunidade", afirma Marisa.
O Corpo de Bombeiros visita escolas há anos e os voluntários já estão acostumados a falar sobre trotes com os pequenos. O chefe do Centro de Operações dos Bombeiros (Cobom), capitão Max Mena, relata a experiência: "Eles respondem com risos, pois sempre tem um que já ligou para fazer brincadeira."
A Polícia Militar não tem um projeto educativo, mas o chefe do Centro de Operações da PM (Copom), major Wilson Leite, acredita que isso ajudaria a reduzir os trotes. "Seria importante ter um projeto para ensinar as pessoas a usar o serviço de emergência", diz. "Infelizmente, temos muitas áreas para cuidar e uma limitação de recursos para fazer uma campanha."