12 abril 2009

Porteiros, os 'vilões' do arrastão a condomínios


matéria de André Pontes publicada na revista VEJA em 6 de abril de 2009

Os arrastões em condomínios residenciais têm assustado moradores de grandes capitais brasileiras nos últimos meses. Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul ainda não possuem dados oficiais sobre o número de ocorrências, mas as informações disponíveis acerca de São Paulo não deixam dúvida: a incidência do crime aumentou. De acordo com o Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado (Deic), só nos três primeiros meses de 2009 já foram registrados oito casos - ante os nove anotados durante todo o ano de 2008. A maioria das invasões, segundo especialistas e a própria Polícia, ocorreu em decorrência da desatenção e do despreparo dos porteiros.
Desse ponto de vista, a instrução aos funcionários é a maior arma para a prevenção desses crimes, avalia Nilton Migdal, diretor da Migdal Consulting, empresa especializada em táticas de segurança. "O bandido que lidera uma quadrilha de assaltos a condomínio tem tempo para estudar o que vai fazer e como vai agir", diz. "Por outro lado, o porteiro, em geral, tem pouca instrução: se ele não for treinado, vai sempre cair nas artimanhas dos bandidos".
Salários - Há certa confusão entre os papéis de porteiro e vigilante - e também um desnível profissional. O primeiro - interface entre a rua e os condomínios - está um grau abaixo do segundo, um profissional mais qualificado e, por isso, mais caro. O porteiro, para exercer sua função, não precisa de qualquer qualificação profissional ou escolar. O piso da categoria é de 537 reais em São Paulo. Já o vigilante precisa ter cursado a escola até o quarto ano do ensino fundamental e também um curso específico: o salário mínimo da profissão é de 862 reais.
Ciente de que trabalha com um profissional pouco qualificado, o condomínio deve investir em sua formação. "Não adianta colocar todos os tipos de equipamentos e não mostrar para o porteiro como operar tudo isso", explica Luiz Carlos, diretor da consultoria de segurança Rudi.
E os condôminos? - Críticas à parte ao procedimentos dos funcionários, o delegado Edison Santi, do Deic-SP, chama a atenção para os deslizes cometidos pelos condôminos - que também dão oportunidade aos arrastões. Para ele, os moradores precisam se conscientizar acerca dos procedimentos de segurança. Isso inclui seguir as regras e evitar o "jeitinho" em qualquer situação. "Às vezes, o porteiro tem treinamento, mas não age como deveria porque fica com receio de receber uma represália do condômino. Não adianta investir em segurança se o morador não segue as regras estabelecidas".
A situação citada pelo delegado pode ser exemplificada a seguir. "Vamos supor que a sua mãe veio lhe fazer uma visita surpresa em um dia chuvoso e, quando chega ao seu prédio, você não está", propõe o especialista em segurança Midgal. "O porteiro não a conhece e não permite a entrada dela. Por isso, ela fica do lado de fora, tomando chuva. Quando você chega, deve elogiar o trabalho dele, e não criticá-lo", diz. "Ele fez o melhor pela segurança do prédio".


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