25 maio 2008

Carros Blindados - cuidado para não comprar gato por lebre

matéria do Jornalista Fernando Calmom, no site INTERPRESS em 25 de maio

Insegurança pública
Além de tudo, motorista brasileiro ainda corre risco de comprar gato por lebre

por FERNANDO CALMON
Segurança pessoal é um tema que preocupa a todos e, ainda mais, quem roda com veículos. Motivo até de feira internacional, como a 11ª Exposec, realizada nesta semana na capital paulista. Havia de tudo, desde blindagem automotiva até a estréia no Brasil de um localizador individual batizado de S-911 (911 é referência ao número telefônico de emergência nos EUA e Canadá).
A ajuda eletrônica e os satélites de posicionamento global têm contribuído para a diversificação de aplicações. Companhias de seguro, por exemplo, subsidiam a venda de navegadores portáteis como forma de evitar que o motorista se desoriente e fique mais sujeito a acidentes ou adentre em regiões inseguras nas grandes cidades, em especial à noite.
A Volvo acaba de anunciar um navegador portátil específico para todos os seus modelos importados. Dispõe de um suporte sobre o painel frontal, sem fios aparentes. Uma solução limpa, fácil de encaixar, retirar e manusear, além de permitir a localização do carro em um grande estacionamento. O preço é puxado pelos impostos – R$ 3.800 –, mas inclui o aparelho (Garmin), kit de montagem, instalação e software atualizado de ruas e estradas brasileiras.
Um mercado que se profissionalizou e se consolidou nos últimos anos foi o de blindagem de veículos. De 1995 a 2001, a produção anual cresceu mais de dez vezes, segundo a Abrablin (Associação Brasileira de Blindagem), que reúne 17 empresas e responde por cerca de 60% dos automóveis blindados. Agora existe certa acomodação, na faixa de 4.000 unidades/ano, número vergonhoso para o país, embora possa ser maior pela atuação de blindadores aventureiros centrados mais no preço do que na qualidade.
Em relação ao início desse setor a evolução foi marcante. A tecnologia avançou rápido, especialmente no que toca ao peso e desempenho dos materiais. Blindagens de última geração, para o nível IIIA de proteção, acrescentam em um carro médio 77 kg de vidros e 30 kg de painéis de aramida (Kevlar, da DuPont). Montagens de baixa tecnologia chegam a acrescentar nada menos de 267 kg, ou seja, cerca de um quarto da massa própria do veículo com a conseqüente deterioração de desempenho, dirigibilidade e freios.
Essas operações implicam desmontagem de grande parte do automóvel e exigem mão-de-obra muito bem treinada. E há gente capaz de agir de forma desonesta para tentar baixar o preço em torno de R$ 45.000, para um sedã de porte médio blindado. Uma fraude fácil de detectar é a retirada da lâmina de policarbonato nos vidros para resolver problemas de delaminação. Segundo Mauro Castro, diretor da Guard Blindagens Especiais, "nessas condições o carro fica desprotegido, mas com pequenas batidas de um objeto metálico (uma moeda serve) é possível distinguir, pelo som, se se trata de policarbonato ou vidro.
Outros colocam películas escurecedoras para maquiar pontos de delaminação".Motorista brasileiro sofre duas vezes. Com a insegurança pública, que pode obrigá-lo a optar por blindagem, e ainda corre o risco de comprar gato por lebre, ao ser enganado quando contrata o serviço.