15 janeiro 2009

Onda crescente de invasões com assaltos derruba mito de segurança de condomínios

publicado originalmente no Diário do Comércio, extraido do site LICITA MAIS

No ano passado (2005), 30 condomínios foram invadidos e seus moradores rendidos e roubados por quadrilhas de assaltantes, segundo apuração do Diário do Comércio . À primeira vista, o número pode parecer baixo. Mas na ponta do lápis significa 2,5 assaltos por mês. Neste ano, pelo menos oito condomínios já foram invadidos. O que equivale a 2,7 invasões seguidas de roubo por mês. Ou seja, em menos de três meses, o número de invasões em 2005 não apenas alcançou como já ultrapassou a média de todo o ano de 2004.
O último de que se tem registro aconteceu na última terça-feira, quando dez homens armados com metralhadoras entraram em um prédio no bairro do Campo Belo, zona sul da cidade. Renderam 30 moradores, invadiram e roubaram apartamentos e fugiram em oito carros dos próprios moradores.
O levantamento feito pelo Diário do Comércio pode até sofrer oscilações, para mais ou para menos. Mas o fato é que ele reflete uma realidade exposta por empresas ligadas à administração de condomínios e pela própria polícia: os condomínios, antes vistos como ilhas de segurança, também são vulneráveis aos assaltos. Sem estatística – Um número fechado, oficial, não existe, segundo a assessoria de comunicação da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo.
Os assaltos a condomínios da forma como vêm ocorrendo, realizados por quadrilhas armadas, ainda não fazem parte das estatísticas elaboradas pela Secretaria. De consenso, apenas o fato de que eles só não são maiores porque, segundo administradoras e alguns delegados de polícia, na maioria dos casos os próprios moradores lesados optam por não prestar queixa nas delegacias, que ficam sem nenhum Boletim de Ocorrência e sem dados que poderiam ser usados nos levantamentos da Secretaria de Segurança.
"Muitos moradores não vão até a delegacia por acharem que não vale a pena ou porque não querem passar pelo incômodo de ter de ir até a polícia fazer o reconhecimento de possíveis suspeitos", diz Cláudio Felippe Anauate, presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (Aabic). Hubert Gebara, vice-presidente de Locação do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais (Secovi) de São Paulo tem opinião idêntica: "Não se tem números oficiais porque nem todo mundo faz Boletim de Ocorrência com medo de represália".
Tanto a Aabic quanto o Secovi fizeram parcerias com a Secretaria de Segurança Pública do Estado para reduzir o número de assaltos aos condomínios. Pela parceria, a Secretaria oferece palestras e manuais para porteiros, seguranças e até para os faxineiros que trabalham nos prédios, focando procedimentos de segurança. "A Aabic chegou a confeccionar e distribuir 700 mil cartilhas junto com a Secretaria de Segurança voltadas à educação dos funcionários dos condomínios com o objetivo de evitar assaltos.
Os condomínios já fizeram tudo o que podiam para evitar as quadrilhas de ladrões, desde a instalação de sistemas de segurança dos mais sofisticados, até o treinamento de funcionários", diz Anauate. Mas os assaltos continuam, para frustração de todos envolvidos. Como? "As quadrilhas que invadem hoje os condomínios, especialmente os de classe média alta e os de luxo, miram nos pontos vulneráveis do prédio, da segurança e da movimentação dos moradores. Procuram falhas nos arredores do prédio ou no acesso ao condomínio tanto de pedestres quanto de veículos", diz Edison Fanti, delegado titular da 2ª Delegacia de Roubos do Deic, no bairro do Carandiru, zona norte.
Para Fanti, muitos prédios têm uma segurança apenas aparente e por isso os condomínios devem investir no elemento humano, ou seja, nos funcionários, que precisam saber manusear os equipamentos de segurança com eficácia para barrar os intrusos. Para a Haganá Eletrônica, empresa que atua no mercado de sistemas de segurança patrimonial, em quase todas as invasões em condomínios o alvo dos ladrões foi a guarita. Segundo um dos diretores da empresa é na guarita que os condomínios devem ter seu foco maior. "Ela deve ter banheiro para o porteiro, ser blindada, ter vidros escuros e principalmente estar distante da porta de entrada", diz o executivo da Haganá.
A empresa, acaba de colocar no mercado o Haganá Vision, um sofisticado sistema digital de monitoramento de imagens via Internet, que além de visualizar partes vulneráveis do condomínio, também permite ser instalada dentro da guarita. O equipamento tem conectados uma câmera, botão de pânico que pode ser acionado em emergências pelo porteiro e sensores de abertura para portas e janelas.
Além de monitoramento por câmeras, o ideal é que os condomínios tenham ainda passa documentos na guarita, evitando que o porteiro deixe seu posto para pegar qualquer entrega ou documentos no portão, além das tradicionais câmeras.
Mas tudo isso não adianta, segundo o delegado Fanti, se não houver a colaboração dos moradores. "A polícia encontra dificuldades para prender os assaltantes porque a maioria dos condôminos roubados não vai reconhecer o suspeito na delegacia".